Meu sogro faleceu. Foi um homem bom, cheio de qualidades e com alguns defeitos. Criou duas filhas de forma exemplar, viveu 53 anos com a mesma mulher. Esse é um breve histórico do cara que a pouco tempo atrás era super ativo, forte e vigoroso. Nos seus últimos dias de vida, tornou-se um homem frágil, debilitado pelo câncer, dependendo de terceiros para realizar tarefas simples como beber água. Mas Deus amenizou seu sofrimento e o levou.
O que me chamou atenção no meio de toda loucura de providenciar enterro, participar do velório, correr atrás de documentos, passar o dia dividido entre papéis e a dor da partida de um ente querido foi um simples gesto de amor, uma demonstração de carinho.
Na hora do velório, muita gente veio falar com a viúva, dar os pêsames, desejar que Deus estivesse cuidando da família e por aí. A viúva apenas respondia “obrigado”, de repente, entre os muitos discursos dos amigos e parentes, minha sogra se levanta, vai ao lado do caixão e sem dar uma palavra acaricia os lábios do meu falecido sogro num breve gesto de despedida. Naquela hora, 53 anos de relacionamento estavam se findando e ela nunca mais veria o seu companheiro. Tudo foi esquecido, os momentos ruins, as brigas, os desentendimentos, a problemática da doença, tudo ficou pra trás diante de um gesto que falou mais alto ao meu coração do que mil palavras ditas por ali. Ela tinha o costume de dizer que gostava dos lábios dele.
Jesus também, em meio aos milhares de judeus que estavam falando sobre ele, resolveu se calar e realizar um gesto que surpreendeu o mundo, Ele doou sua vida por mim e por você! Assim como minha sogra, que em um gesto trouxe ao meu coração a voz de Deus, também nós, podemos multiplicar nossos discursos em pequenos gestos que podem mudar vidas!
E no mais... tudo na mais santa paz!
Nossa!
ResponderExcluirÉ preciso estar atento aos detalhes...
Não consegui conter as lágrimas, apesar de discretas, estou realmente emocionada com essa história.
Paz!
Como somos frágeis e sequer nos apercebemos com a frequencia que devíamos!
ResponderExcluirNascidos para sermos eternos, mas interrompidos por consequencia de um erro fatal de uma ancestral.
Talvez por essa noção inata de eternidade frustrada soframos tanto pela perda de entes amados. Nessa hora pouco adianta falar em ressurreição: queremos é a pessoa viva conosco.
Ainda bem que na maioria dos casos essa dor se torna em saudade.