domingo, 18 de março de 2012

Sermão: Paternidade de Deus. Nossa filiação!


Pai Nosso que estás no céu...

O brasileiro geralmente usa um jargão pra sair do sufoco e esse jargão é “Deus é pai!”. Mas Deus é PAI mesmo? Ou Deus so é Pai quando livra a gente do perrengue?

Assistindo uma palestra do grande teólogo Leonardo Boff, me chamou atenção quando ele tocou na dupla referência que o Pai Nosso faz a nosso cotidiano. Primeiro, quando falamos do"PAI NOSSO", celebramos o aspecto comunitário, a festa que deveríamos fazer toda ceia porque temos um pai que enviou seu filho por nós. E o PÃO NOSSO é aspecto social, onde devemos entender que esse "pão nosso" tem sido conquistado com esforço por muitos seres humanos.

Falamos do PAI NOSSO como uma oração paternalista e não como o reconhecimento da paternidade de Deus. A nossa forma de ver o "Pai nosso" é infantilizada e infantiliza os crentes. Torna-nos egoístas com relação ao anúncio do Evangelho como se Deus fosse só nosso, como se Deus fosse crente.

Já o PÃO NOSSO, não tem como fugir, o "pão nosso" é o pão de quem tem fome, o pão de quem trabalha sol a sol e ainda assim é carente de comida. Compartilhar o pão nosso é muito importante. todos deveriam ter acesso a esse "PÃO NOSSO", porque ele nos é dado graciosamente pelo "PAI NOSSO".

Deveríamos nos conscientizar que os homens e mulheres que não tem conhecimento de Deus ainda, a quem as boas novas ainda não alcançaram graças a nossa omissão, são pessoas que precisam enxergar Deus a partir desses dois aspectos. A comunhão do pão, matar a fome de quem precisa e o compartilhar do Pai, para mostrar a eles que Deus não é só Pai dos crentes, mas Pai de quem aceitar essa paternidade sem paternalismo.

Quem é o Pai?
Naquela época, a maioria das pessoas que adorava os falsos deuses, pensava neles como seres distantes, caprichosos e imorais, que deviam ser temidos. Até mesmo o povo judeu, que deveria entender a paternidade de Deus, tinha se removido de Seu cuidado Paternal através do pecado e apostasia deles. Conseqüentemente, Ele parecia distante deles.

Mesmo alguns que reivindicavam Deus como Pai deles, foram censurados por Cristo, que lhes chamou de filhos do diabo, pois rejeitaram o Filho (João 8:44).

O pai é a figura de autoridade. Mas é a figura que promove aproximação e correção. O pai cuida. Jesus proclamou Deus como um Pai cuidadoso e gracioso, que deseja íntima comunhão com os Seus filhos. Esta comunhão pode vir somente através da fé no Filho.

Jesus também proclamou Deus como um Pai provedor que tem todos os tesouros do céu à Sua disposição e que os faz disponíveis aos Seus filhos, para que eles possam Lhe glorificar: “Vosso Pai sabe o que vos é necessário antes de vós Lho pedirdes... Não andeis, pois, ansiosos... Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas [que vocês necessitam] vos serão acrescentadas” (Mateus 6:8, 31, 33).

O problema é que vemos Deus como provedor, como o cuidador, mas não o vemos como Senhor. Vivemos até como filhos em alguns momentos, mas filhos desobedientes.

Talvez porque transferimos o nosso referencial de pai terreno para Deus. Isso resulta quase sempre em extremos. Ou vemos Deus como um castrador, ditador e nesse caso, a ênfase está no que os filhos não podem fazer.

Eles se conformam e praticam boas ações mais por medo da repreensão do que por amor ao PAI. A maior preocupação desse pai na nossa cabeça é evitar a desobediência do filho e não promover o seu bem.

Ou vemos Deus como um pai babão que mima seus filhos e não os corrige. A ênfase está na criação de um ambiente de bem-estar para os filhos e não na correção de seu mau comportamento. Procura-se evitar que eles sejam contrariados e tenham emoções negativas. A maior preocupação desse pai é evitar o conflito e não solucionar o problema. Talvez por isso, há tanta irreverência no nosso jeito de relacionar com Deus. Achamos que Deus é permissivo e passivo ou achamos que ele é castrador e mal humorado.

Pra entender melhor o caráter de Deus precisamos olhar para a parábola do filho pródigo, não da visão dos filhos, mas da ótica do pai. O que essa história nos ensina sobre o caráter paterno de Deus? Lucas 15.11-32

Primeiramente, que Deus, muitas vezes, não age conforme as nossas expectativas, mas nos surpreende positivamente. Esperamos condenação, ele nos dá perdão. Esperamos rejeição, ele nos aceita. Em segundo lugar, que Deus não nos força a ficar com Ele, mas nos dá a liberdade de nos afastarmos e aproximarmos conforme a nossa vontade. “Quer ir, vá; quer voltar, volte”. Por fim que, quando decidimos voltar para Deus, apesar dos nossos pecados, Ele nos recebe com amor e alegria, restaurando a nossa identidade e dignidade de filhos. Esse é o caráter paterno de Deus. Viva como um filho grato e obediente.

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