Pai Nosso que estás no céu...
O brasileiro
geralmente usa um jargão pra sair do sufoco e esse jargão é “Deus é pai!”. Mas Deus é PAI mesmo? Ou Deus so é Pai quando livra
a gente do perrengue?
Assistindo uma
palestra do grande teólogo Leonardo Boff, me chamou atenção quando
ele tocou na dupla referência que o Pai Nosso faz a nosso cotidiano. Primeiro,
quando falamos do"PAI NOSSO", celebramos o aspecto
comunitário, a festa que deveríamos fazer toda ceia porque temos um pai que
enviou seu filho por nós. E o PÃO NOSSO é aspecto social, onde
devemos entender que esse "pão nosso" tem sido conquistado com
esforço por muitos seres humanos.
Falamos do PAI
NOSSO como uma oração paternalista e não como o reconhecimento da
paternidade de Deus. A nossa forma de ver o "Pai nosso" é
infantilizada e infantiliza os crentes. Torna-nos egoístas com relação ao
anúncio do Evangelho como se Deus fosse só nosso, como se Deus fosse crente.
Já o PÃO
NOSSO, não tem como fugir, o "pão nosso" é o pão de quem tem
fome, o pão de quem trabalha sol a sol e ainda assim é carente de comida.
Compartilhar o pão nosso é muito importante. todos deveriam ter acesso a esse
"PÃO NOSSO", porque ele nos é dado graciosamente pelo "PAI
NOSSO".
Deveríamos nos
conscientizar que os homens e mulheres que não tem conhecimento de Deus ainda,
a quem as boas novas ainda não alcançaram graças a nossa omissão, são pessoas
que precisam enxergar Deus a partir desses dois aspectos. A comunhão do pão,
matar a fome de quem precisa e o compartilhar do Pai, para mostrar a eles que
Deus não é só Pai dos crentes, mas Pai de quem aceitar essa paternidade sem
paternalismo.
Quem é o Pai?
Naquela época, a
maioria das pessoas que adorava os falsos deuses, pensava neles como seres
distantes, caprichosos e imorais, que deviam ser temidos. Até mesmo o povo
judeu, que deveria entender a paternidade de Deus, tinha se removido de Seu
cuidado Paternal através do pecado e apostasia deles. Conseqüentemente, Ele
parecia distante deles.
Mesmo alguns que
reivindicavam Deus como Pai deles, foram censurados por Cristo, que lhes chamou
de filhos do diabo, pois rejeitaram o Filho (João 8:44).
O pai é a
figura de autoridade. Mas é a figura que promove aproximação e correção. O pai
cuida. Jesus proclamou Deus como um Pai cuidadoso e
gracioso, que deseja íntima comunhão com os Seus filhos. Esta comunhão pode vir
somente através da fé no Filho.
Jesus também
proclamou Deus como um Pai provedor que tem todos os tesouros do céu à Sua
disposição e que os faz disponíveis aos Seus filhos, para que eles possam Lhe
glorificar: “Vosso Pai sabe o que vos é necessário antes de vós Lho pedirdes...
Não andeis, pois, ansiosos... Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua
justiça, e todas essas coisas [que vocês necessitam] vos serão acrescentadas”
(Mateus 6:8, 31, 33).
O problema é que
vemos Deus como provedor, como o cuidador, mas não o vemos como Senhor. Vivemos
até como filhos em alguns momentos, mas filhos desobedientes.
Talvez porque
transferimos o nosso referencial de pai terreno para Deus. Isso resulta quase
sempre em extremos. Ou vemos Deus como um castrador, ditador e nesse caso, a ênfase está no que os filhos não podem fazer.
Eles se conformam e
praticam boas ações mais por medo da repreensão do que por amor ao PAI. A maior
preocupação desse pai na nossa cabeça é evitar a desobediência do filho e não
promover o seu bem.
Ou vemos Deus como
um pai babão que mima seus filhos e não os corrige. A ênfase está na criação de um ambiente de bem-estar para os filhos e
não na correção de seu mau comportamento. Procura-se evitar que eles sejam
contrariados e tenham emoções negativas. A maior preocupação desse pai é evitar
o conflito e não solucionar o problema. Talvez por
isso, há tanta irreverência no nosso jeito de relacionar com Deus. Achamos que
Deus é permissivo e passivo ou achamos que ele é castrador e mal humorado.
Pra entender melhor
o caráter de Deus precisamos olhar para a parábola do filho pródigo, não da
visão dos filhos, mas da ótica do pai. O que essa história
nos ensina sobre o caráter paterno de Deus? Lucas 15.11-32
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