sexta-feira, 24 de junho de 2011

Violência, um atalho para consumir

Ouvindo o bispo Robinson Cavalcanti, percebi que violência não é simplesmente agressão sem fundamento ou reflexos de uma cidade sem leis. Antes disso, é pautada na ânsia de obter poder aquisitivo para consumir o que a mídia e a sociedade de consumo propõem. Não vemos isso claramente porque estamos sufocados com a tarefa de condenar aquele que rouba ou de matar aqueles que traficam.

Essa escala por mais simplória que seja rege os pensamentos de ricos e pobres que se deparam com a impossibilidade de adquirir artigos que vão desde um tênis da moda até o mais novo lançamento imobiliário. Essa variação é construída pela falta de oportunidade, pela necessidade de comer ou então pelo simples fato de estar adquirindo o carro que ninguém tem ou morar em um triplex porque a cobertura em Ipanema não tem mais graça. Para os pobres uma questão de sobrevivência, para os ricos uma resposta que satisfaça o status quo.

Responda-me, por favor, qual a chance de um desses meninos que estão nas favelas sendo adotados por traficantes e servindo de mulas para o transporte de drogas? Qual é a chance que um jovem de periferia tem de viver uma vida razoável quando o simples fato de sair e chegar em casa ileso já é um milagre?

Porque os pobres roubam? Sem eximir culpa de quem rouba devo dizer que eles roubam porque não tem emprego, porque as portas da sociedade estão fechadas pra ele. Ele rouba porque não tem endereço e ninguém se importa, ele rouba porque as madrugadas tem sido frias e eles precisam sobreviver a isso também.

Porque os ricos roubam? Para calar a boca daquele camarada que é tão rico quanto ele e que comprou no jantar de ontem uma belíssima garrafa de champagne Moët Chandon para mostrar aos demais que subiu na vida.

Erramos porque colocamos a culpa de todas as coisas ruins da sociedade nas favelas, mas os favelados são peixinhos pequenos, e enquanto eles matam e morrem para divulgar a mais nova droga do mercado, os tubarões estão em suas mansões gastando seu dinheiro sujo com orgias e comemorando o sucesso dos guris que mal completaram o jardim mas agora estão ajudando na árdua tarefa de manter a ordem no morro.

Ou a igreja entra na luta como comunidade de fé, expandindo a missão integral ou ela está fadada a mofar no triste universo em que vive.

E no mais, tudo na mais santa paz!

6 comentários:

  1. Querido Marcio. Concordo apenas em parte. Os meios não justificam os fins. Na favela existe muita gente honesta e trabalhadora. É fato que muitos são levados ao tráfego pelos motivos citados no texto, mas você deve observar que não se justifica a violência por que a sociedade é consumista, mas pela falta de Deus. A sociedade precisa de um Deus, mesmo que lamentavelmente, esse Deus seja mamom.
    Sou de família muito humilde e não tenho vergonha de dizer que já passei fome no decorrer da minha história, entretanto, uma coisa meu pai me ensinou: "trabalhe, se esforce, conquiste!". Coisas devem ser conquistadas e não retiradas dos outros por meio de violência.
    O que ocorre é que princípios devem ser ensinados e não é isso que vemos acontecer em nossa sociedade. Por outro lado, um coração sem Deus, é uma verdadeira bomba pronta para disparar em qualquer direção por meio da revolta pelas frustrações emanadas de incompetência e inércia para o trabalho e estudo.
    São duas vias: A via mais fácil e a via mais difícil. Muitos escolhem a mais fácil e todos nós sabemos aonde essa via vai nos levar. A via mais difícil, isso ninguém quer. Estudar, pois custa esforços. Esforço custa dedicação para se conquistar coisas.
    Sendo assim, não devem ser culpados os ricos que gastam suas fortunas conquistada a custa sabe lá Deus de que, naquilo que não é pão, pois o galardão deles é aqui mesmo na terra.
    Quanto a mim, a despeito de ter passado necessidades em minha vida, sou um cidadão de bem, honesto e trabalhador. E eu não morri por me esforçar e ser alguém na vida.
    Abraços do seu mano
    Jailson Freire

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  2. Ser rico não é pecado, temos nas favelas pessoas fora da lei mas também temos na alta sociedade, o problema social é muito complexo e aos olhos humanos não vejo solução pois a cultura do brasileiro é samba, cachaça e futebol tudo é festa e essas meninas que vão para o funk e lá engravidam mal sabem cuidar de sí como vão dar boa educação e ensinar o que é dignidade a essas crianças que nascem de uma mãe e de um pai na maioria das vezes não se sabe quem é, eu fui criado de galho em galho mas como o amigo comentou o meu pai também me mostrou a honestidade, respeito mútuo e aí tudo de culpa é o governo concordo que temos que atuar mais onde quer que passemos no dia a dia mostrando a essa gente que existe um DEUS que pode atuar em suas vidas verdadeiramente.
    Graça e paz, Gilbert Raposo.

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  3. Ao terminar de ver o filme "ultima parada 174" saí com alguns desses questionamentos... Como pode um jovem sem perspectiva de vida, sem oportunidade, levar uma vida honesta? Principalmente pelo fato de muita das vezes, não ter uma família constituída! Sem uma base familiar sólida, é dificil desss jovens resistirem a vida fácil do crime!

    Concordo com o comentário do Jailson, que diz que a falta de Deus causa isso tudo. Mas certamente se todos esses jovens tivessem a mesma base familiar que eu e você tivemos não seriam tragados para a vida do crime.

    Tenho ceteza que a familia é o principal pelo qual muitos jovens não entram na vida do crime. As familias sendo estruturadas, com a criança vendo o bom exemplo dos pais, dificilmente se perderá!

    "...Ensina a criança no caminho que deve andar, pois quando crescer, não se desviará dele..."

    Abraço

    João Vitor
    Http://binario10.wordpress.com

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  4. A verdade pastor é que o ser humano é estremamente egoísta, pensa apenas em sí.
    O pobre sofre e o rico esbanja por que não conhecem a Deus e não conhecem por que os evangélicos em sua maioria ficam apenas no blábláblá.
    A palavra de Deus diz que quando buscamos santidade mais parecídos com Jesus somos.
    E o Jesus de ricos e de pobres que eu conheço é estremamente solidário para com o necessitado seja qual for a necessidade de qualquer classe social.
    Concordo com o que escreveu, mas, também entendo que temos feito muito pouco como plano de Deus.
    abraços!!!

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  5. Em tempo
    E por não fazer a diferença pregando paz e solidariedade sofremos com a violêcia.

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