sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Quando a crise bate a porta do ministro


Você já teve a sensação de estar abatido? De estar sendo perseguido? Atribulado? Pois é tenho tido essa sensação e garanto que não é a melhor sensação do mundo. Cada notícia que recebo, cada manchete estampada contra a igreja, os genocídios cometidos em nome da ganância, a incrível incompetência dos órgãos públicos em relação aos nossos idosos e as crianças miseráveis, contribuem para esse quadro de crise que atravesso.


Mas espere um pouco... o que seria do ministro sem as crises? O que seria do evangelho sem aqueles que choram e compartilham a tristeza e a ira de Deus contra essa geração depravada? O apóstolo Paulo diz em II Co 4.7-15 que essas coisas existem para que a graça se multiplique!

Confesso que tenho dificuldade de encarar a depressão espiritual como Paulo, mas também, estamos falando de um homem sem igual, Que não teve parceiro, que encarou suas crises sozinho e declarou que sua morte seria lucro, porque não se considerava mais como um dos viventes da terra, mas como um espírito que anda, como um arauto imbatível no diálogo e incansável nas andanças.

Somos vasos de barro, gente que erra, que peca, que fala da vida dos outros, que murmura, somos o povo do deserto, que lamentava ter saído do Egito porque não teriam covas para seus funerais. Somos assim porque ainda não entendemos que o ministério é fogo cruzado, e alguém desavisado saíra disso extremamente machucado. Deus nos fez frágeis, para que o seu poder fosse reconhecido entre os povos e não a nossa capacidade de persuadir ou de falar bonito. Paulo usa o capítulo 4 de II Coríntios como uma prova de que mesmo sendo inigualável em alguns quesitos, era feito do mesmo barro que Adão. O homem destemido e poderoso, era perturbado constantemente por um mensageiro de satanás que lhe esbofeteava a cara sempre que ele achava que era alguém.

Entenda o seguinte: Não há espaço para personalismo no Reino. Se existem pastores super expostos na mídia, há algo de errado, os grandes homens de Deus raramente se expõem dessa forma, eles preferem a base, o alicerce ao invés da copa. John Sttot, preferiu viver uma vida simples a gozar da ostentação dos palácios a que tem acesso como capelão da rainha da Inglaterra; Enquanto líderes do mundo todo se esbofeteavam por um lugar na plataforma de Billy Grahan em sua grandiosa cruzada, Dr. Marthin Lloyd Jones se recusou a estar lá por perceber que a essência do evangelho se perdia no meio da multidão; Martinho Lutero preferiu a escuridão do anonimato para traduzir a bíblia para o vernáculo local, ao invés dos holofotes que lhe tirariam a paz. Não se iluda, a vida do ministro será sempre de altos e baixos, Deus faz assim para que não nos esqueçamos que somos vasos de barro e não homens de aço.

Termino esse desabafo citando Charles Spurgeon falando aos seus alunos sobre II Coríntios:


“Meu testemunho é que os que são honrados por Deus publicamente, geralmente têm que sofrer o castigo secreto, ou têm que carregar uma cruz peculiar, a fim que de algum modo não se exaltem e caiam no laço do diabo”

2 comentários:

  1. Não li este post na época, ainda não te seguia. O leio agora após um tempo de oração onde minha crise me pegou e me sacolejou.
    Obrigado pelas sábias palavras. Choro ao comentar, lágrimas de alegria por saber que minha dor enquanto ministro não é solitária. Tenho irmãos. Tenho suas páginas.
    Acima de tudo tenho o sumo sacerdote, meu Senhor e Mestre, Jesus, sustentando-me, aqui e agora.

    Graça e paz, sempre.

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