Andando de carro nas proximidades da minha casa, percebi uma movimentação diferente na comunidade localizada por ali. Pensei: “Incursão da polícia, mataram alguém”. Isso já seria péssimo, porque mostraria mais uma das facetas da dor que não pretendo retratar agora. Mas mesmo assim, prossegui até chegar bem próximo a cena.
O palco estava montado e lá estavam dois dos protagonistas daquele episódio, uma mulher chorando compulsivamente e familiares tentando consolá-la e um homem beirando a faixa dos quarenta anos debruçado no teto de um carro com o alerta ligado. Percebi que se tratava de um atropelamento. Incomum para o lugar, porém, não menos doloroso.
Estranhamente senti a dor dos dois. De um lado, a dor dos excluídos que perguntam a Deus o porque de tanta desgraça, porque ela precisava passar por mais aquela experiência, além do descaso dos políticos pela situação de abandono em que as comunidades se encontram, do desprezo das autoridades pela sua dignidade, apesar dos “acharques” que acontecem com seus familiares todos os meses nas “batidas” policiais, ainda ter que conviver com a dor de um neto atropelado e possivelmente lançado numa cadeira de rodas para sempre. PORQUÊ?
Do outro lado estava um homem, provavelmente no auge de sua crise de meia idade, talvez um pai de família que pensava em sua cabeça “Poderia ser o meu filho”, alguém que já tinha problemas demais para acumular mais essa culpa em seu currículo, atropelar e incapacitar uma criança. Processos, preocupação, ansiedade e até um provável linchamento preenchiam o clima daquele lugar. Mas algo me saltava os olhos e me fazia pensar, a dimensão da dor.
Eu fui alcançado por ela e quase derrubado pelo seu potente golpe, mesmo sendo pego de raspão pelos seus golpes que atingiram em cheio meus dois protagonistas. Ela me transportara a momentos ruins que eu já tinha vivido, me relembrou situações difíceis, demonstrou seu poder ao máximo naquela hora. A dor é assim, avassaladora, sem lugar para agir, sem hora pra chegar. Só existe um meio de controlá-la. Uma forma de não ser nocauteado por ela. Renda-se ao Eterno, entre para a escola de Cristo que lidou com dores e não sucumbiu, que levou sobre si as nossas dores para que hoje pudéssemos voltar a viver apesar dos acidentes no percurso.
Eu gostaria muito de continuar esse artigo, e desenvolvê-lo mais um pouco, mas essa não é a hora... a dor não deixa...mas vai passar, Jesus está no controle, fica para a próxima!
Pastor Márcio bom dia, a paz do Senhor, glorifico a DEUS por vc sentir a dor do outro. Essa foi uma cena que vc presenciou, quantas ñ acontecem por dia? Temos que lutar, evangelizar, orar, conscientizar, falar mesmo deste DEUS Maravilhoso para TODOS, pois assim diante de uma cena desta teremos a certeza de que fizemos a nossa parte.(o que ñ nos insenta de sentir esta dor, mas nos dá força para continuarmos a batalha)Pois esta é uma batalha incessante e concordo,"é nossa", do povo de DEUS.
ResponderExcluirMuito bonito sentir a dor do outro Irmao Deus vos abencoe
ResponderExcluirObrigado por compartilhar. São mensagens de bom dia como essas que nos ensinam e nos ajudam a percorrer o longo caminho que é a nossa vida, com muito Otimismo e Fé
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